A notícia de que alguém tem cancro passa-nos despercebida, ficamos com um sentimento de alívio por ser alguém distante, por não sermos nós ou um familiar nosso.
É triste mas é verdade.
Acontece o mesmo com os sem-abrigo, passamos por eles como se fossem transparentes, excluídos da sociedade, como se estivesse intrínseco na essência humana gostar de viver na rua, abandonado, sem família, sem amigos, fugir de tudo e de todos, andar sempre com o coração nas mãos, não saber sequer se se vai chegar ao final do dia, o que comer, o que pedir, onde dormir em segurança, quente.
O melhor filme que vi até hoje e que reflecte bem a visão panorâmica que a sociedade tem sobre os sem-abrigo está aqui, passa-se em Sidney e em Nova Iorque, mas poderia passar-se em Portugal ou em qq outra parte do mundo.
Relacionar um sem-abrigo a um doente terminal com cancro, pode-vos parecer absurdo, mas se pensarmos bem permitam-me fazer a analogia.
Tenho esse direito, tenho esse dever. O dever de alertar as pessoas para pequenos gestos, um sorriso, uma palavra, uma visita, um abraço pode fazer toda a diferença.
"The gentil Art of Hearing"